domingo, 2 de março de 2008

Milagres

Escrevi este post num outro blog que participo... A maioria já deve ter lido, mas coloco aqui como pontapé inicial do blog! Que muitos posts venham! "Final de semana de ações. De passos largos, algumas fraquezas pessoais e sinais. "O Próximo Passo", grupo de teatro amador do qual faço parte há seis meses, finalmente conseguiu andar... Foi um trajeto pequeno, mas uma grandiosa caminhada. A proposta inicial é levar cultura e alegria pra crianças que precisam, sem querer nada em troca. Muitos não são atores, e nem têm essa pretensão... O que importa é dar o melhor e tentar se divertir no processo. E esse final de semana mostrou que estamos conseguindo... Estivemos em dois lugares diferentes, mas que deram respostas muito parecidas. Pessoalmente, tive alguns entraves, uma certa depressão pós-visita no domingo, mas valeu. Até porque, sem perceber, o grupo ajuda a vencer nossas limitações.

Trazendo a reflexão pra proposta do blog, a gente expõe opiniões, defende nossas teorias, mas a prática quando chega é um tapa na cara. A realidade dói mais. Estar com crianças abandonadas, crianças doentes, em lugares com dificuldade de se manter, faz a gente se sentir impotente e ridículo. Impotente por não saber o que fazer pra ajudar e ridículo por estar sempre se fechando pra realidade. Abertos na teoria, mas fechados na prática, pois muitas vezes somos defensores dos fracos, mas evitamos contato, justamente porque ficaremos deprimidos, porque ficaremos sem reação. Por medo de nos sentirmos mal... E na verdade deveríamos nos sentir mal porque não fazemos. Aos quinze anos, fui à minha primeira visita a um orfanato. A depressão que senti me fez ficar mais de dez anos sem voltar a um. Foi a obrigação de uma função que me fez voltar, e aprendi ali que devia começar em doses homeopáticas... Sempre persistindo. Sinto dificuldade até hoje. Não é fácil... Não sou exempo de desprendimento, não sou exemplo de força. Boa parte das pessoas é muito mais... Mas tento mudar um pouco meu individualismo ridículo e minha impotência emocional. Hoje continuo me sentindo mal por aquelas crianças... No entanto, me sinto pior se deixá-las de lado. Sem demagogia... No Sábado, entre uma visita e outra, tivemos uma tarde e uma noite. Um intervalo. E "coincidentemente" foi nesse intervalo que vi parte de um filme que nunca consegui ver por inteiro: "O Todo Poderoso". O Deus de Morgan Freeman trouxe frases meio batidas, mas que sempre fazem sentido. E a que mais me tocou num fim-de-semana de pura doação foi: Não espere por um milagre. Seja o milagre! Não precisa dizer mais nada..." Postado no blog "Teorias Cobalísticas". http://teoriascobalisticas.blogspot.com/

9 comentários:

Drika disse...

MAravilhoso seu post, Alan! Ainda não havia lido no seu blog e adorei ter lido direto aqui no nosso blog.

Assino embaixo de tudo o que escreveu e acho que sim, pelo menos naquele fim de semana fomos pequenos milagres. Aliás, desde os primeiros ensaios e a cada sacrifício ou abdicação que fazemos para nos dedicar a esse projeto nos tornamos pequenos milagres.

Agora levante a cabeça e respire fundo, que ninguém nos segura!! ahaha

Grazy Vedder disse...

Como escrevi no outro blog... aplaudo que fazem... é lindo.

Não qquer um que está pronto para doar sem esperar alguma coisa de volta, que tem a coragem de encarar uma realidade que tanto fechamos os olhos. Essas crianças recebem de vcs uma atenção e carinho que tlavem nunca tenham recebidos. Muito legal!

PARABÉNS!

Bjsss,

Gra

Fêr disse...

Bom, galera, o Alan me avisou agora do Blog.
Aproveito o espaço para agradecer mais uma vez a presença de vocês no Lar de Beth.
Confesso aqui que estava preocupada. Preocupada mesmo. Preocupada com a forma que as crianças receberíam a peça, se elas fariam muita confusão, se a Beth iria gostar.
Quando liguei para a Beth para avisar da peça ela não demonstrou alegria com a idéia.
Observar ela e as crianças felizes, batendo palmas e interagindo com vocês foi maravilhoso! O dia com certeza foi muito diferente para eles!
Muito obrigada e espero que o Lar tenha contagiado vocês da mesma forma que me contagiou um dia, pois desde então nunca mais consegui deixar de ir lá.
Beijo grande, com carinho
Fêr

Unknown disse...

Oi um dos lugares que o alan visitou foi uma creche que ajudo a 6 anos, muita gente fala mas creche tina, as criancas tem alguem de familia, a creche e linda, mas no natal eu fui em algumas casas e mas uma vez vi o milagre dauqe lugar, as casas de papelao com saco plastico, 10 criancas num lugar que cabem 1 se tanto.
Para maioria delas foi a primeira peca, o primeiro sonho, e ontem tive la de novo, e elas vieram logo perguntando tia cade o pluft, e o pirata, elas amaram
brigada por nao ter decistido alan
brigada proximo passo por serem um sonho

Petrif disse...

A propósito, alguém no grupo é ator? Alan, parabéns pelo post... me emocionei ao final! abração

teoriasrabugentas disse...

Marcelo e Drika... que eu saiba. e obrigado a todos pelos comentários!

Anônimo disse...

Bom, vou caguetar o relato de uma amiga minha que me fez lembrar um texto da faculdade...Ela estava lá posta junto com uma série de pessoas comprometidas emocionalmente que só choravam e ela no alto de seus 26 anos não tinha nada a dizer além do que “Tenho espalhado muitos sorrisos por aí...” Mas as pessoas que estavam lá não iam compreender isto! Eram psiquiatras, universitários, médicos, donas de casa, enfim uma galera comum, mas que teve que rebolar nesta vida e que por isso deixou o buraco negro chupar suas forças e bom astral, pois é..O tal do curso de arterapia foi tão impactante que não vingou, fizeram minha amiga gritar “Pede pra sair!”
Esta vida está muito doida mesmo!
O texto que lembrei e tem a ver coma história?! É do Eduardo Vasconcellllllos (nunca sei quantos eles) Mourão, me deu aulas na faculdade falava sobre curadores feridos, isto é, só podemos cuidar da saúde mental das pessoas quando cuidamos da nossa!hehe..
Respiraaaaaaa!!!
Isto tudo me lembra outra história...Estava num destes empregos tensos que sempre descolo em um lugar de reabilitação para menores infratores...O lugar era ultra mega tresh! Ficava em Realengo, entre duas facções criminosas rivais, tinha um agente de segurança para 42 crianças, um diretor fantasma, uma assistente social de licença e uma educadora. Não sei porque, mas minha parceira d etrabalho virou a tal educadora e olha a história que ela me contou:
“Fiz um curso de alfabetização ano passado...Sorriso nos lábios...Eram vinte interessados no início...Expressão de mongolóide, boca semi-aberta que nem a da senhora que passa na propaganda do Banco Real super realizada...Dois terminaram...cara inexpressiva...Um terminou a pena, casou teve filhos...Cara de mentirosa...o outro evadiu (pulou o muro e não voltou em termos institucionais), encontrei com ele outro dia, me agradeceu horrores! Disse que agora virou gerente da boca pois sabe ler e contar!
É companheiro, temos que dar um alô nos valores que temos, trazemos e trocamos por aí! Parabéns pela iniciativa e bom humor de sempre!

Anônimo disse...

Adoreiiiiiiii
quero ver essa peça logo!
Bjs

Anônimo disse...

Eu compartilho dos mesmos sentimentos.. Já visito o Lar de Beth há alguns anos e no começo era bem mais difícil do que é hoje. Sinto agora uma sintonia maior com as crianças, já conheço várias, elas me reconhecem, sei como as coisas funcionam lá, isso é muito bom! É claro que aquela tristeza por ver de perto e sentir na pele toda essa miséria e desequilíbrio do nosso mundo ainda é bastante forte. Mas a alegria de poder contribuir com um pouquinho de nós compensa a tristeza e nos faz querer voltar lá mais e mais!
Espero poder ver outras apresentações de vocês! Sigam em frente que o caminho é certo!
Bjs e abraços,
Julia